Blog Entrevista - Fernandinha

Fernanda Cristina Ferreira, 175cm, nasceu dia 10 de Janeiro de 1980 no Rio de Janeiro. Esse é o perfil da talentosa levantadora brasileira que em 2007 partiu para jogar no mais disputado campeonato de vôlei do mundo. Difícil? Talvez...mas nada é impossível para essa carioca. Com jogadas ousadas e o toque preciso, logo em sua primeira temporada conquistou o coração dos italianos. E hoje gentilmente aceitou participar da nossa primeira entrevista para o blog!!!Conheça um pouco mais da nossa Fernandinha....

Quando, onde e porque você começou a jogar vôlei?

Eu comecei a jogar vôlei com 8 anos no América Futebol Clube do Rio de Janeiro porque meus pais como dois professores de educação física queriam que eu começasse a fazer algum esporte e como eu não queria escolher nenhum esporte, eles escolheram aquele que eles eram e são apaixonados, mesmo contra vontade eu fui, mas foi suficiente um treino para que eu me apaixonasse também.

Alguém em especial ou algum/a jogador/a te inspirou ou incentivou a começar no esporte?

Alguém conhecido não, mas sem dúvidas meu pai, sempre quis ser como ele. Ele jogava futvôlei e beach soccer em Copacabana e eu assistia desde que estava na barriga da minha mãe hehe...ele sempre foi muito bom, e a sua postura com certeza foi meu maior exemplo.

Quando você percebeu que o vôlei deixaria de ser somente a prática de um esporte e viria a se tornar sua profissão?

Desde o 1 dia que eu comecei a treinar já queria ser profissional no vôlei, estudava para passar porque não podia faltar nem um treino, muito menos chegar atrasada, era um compromisso comigo mesma, fazer do vôlei meu ganha pão!

Você sempre jogou de levantadora? Se não, como foi a mudança para essa posição?

Não, eu comecei como atacante, joguei assim até 97, minha primeira seleção brasileira infanto era atacante ainda, foi na segunda que me tornei levantadora, em 97 na seleção infanto, quando o Wadson Lima me perguntou se não queria mudar de posição porque achava que como levantadora eu poderia ser melhor do que como atacante...mas o início foi horroroso, não conseguia fazer as coisas da forma como ele queria e me cobrava demais, sou sempre assim, mas passado esse ano difícil fui me acostumando e entendendo como é ser uma levantadora, porque a diferença é enorme para uma atacante, e hoje acho que foi realmente melhor!

Qual a bola que você mais gosta de levantar?

Hum difícil...mas com certeza é aquela que deixo a atacante só com um bloqueio, melhor ainda se deixo com nenhum hahaha mas esse é bem mais dificil né...rs

O que te da mais prazer: fazer um ponto de bola de segunda, de bloqueio ou de saque?

Sem dúvidas BLOQUEIOOOO..

Em 2007, você se transferiu do Brasil para ir jogar na Itália, em Santeramo. O que te atraiu para se mudar para aí?

Tinha passado um ano difícil no Brasil e queria saber se eu era capaz de jogar no campeonato italiano com tantas estrangeiras e jogadoras assim tão altas e com um nível também alto de vôlei. Queria provar para mim mesma que eu também podia, que o último ano tinha sido somente um ano sem muita sorte.

Você se lembra como foi o seu primeiro treino na Itália? Os treinos aí na Itália são muito diferentes dos daqui no Brasil?

O primeiro treino foi bem tranquilo, me lembro bem, o mais difícil no início era depois do treino porque não conhecia ninguém e não tinha nada para fazer. E sim, os treinos aqui são muito diferentes, e a preparação física também, mas não tive problemas para fazer algo mais abrasileirado com relação a parte física, quanto ao treino depois que comecei a entender a língua não tive problemas. hehehe

E o país? Como foi sua adaptação, quanto a língua, comida, clima (você como uma bela carioca deve sofrer um pouco com o frio nessa época do ano, não?..rs), ...?

Quanto a língua me virei bem desde o início, as meninas tinham muita paciência e me ensinavam, quanto a comida, sem problemas porque é maravilhosa e tem muitas opções, mas já quanto ao clima não posso dizer a mesma coisa, sofro mesmo, não quero nem sair de casa, vou para o treino e volto, me tranco em casa, aí vejo filmes e programas na tv ou leio um livro mas para me tirar de casa tem que haver uma boa razão kkkkkk o frio aqui dói.

Na Itália você tem a oportunidade de jogar ao lado de jogadoras de diversas partes do mundo. Você gosta desse “choque de culturas”? Tem alguma história interessante/engraçada que possa compartilhar conosco?

Eu simplesmente adoro isso. Adoro conhecer pessoas de outras culturas, e nós conversamos exatamente sobre essa diferença, como se come em cada país, descobrimos as palavras que são iguais mesmo sendo uma tcheca, ou romena ou ucraniana...quanto a uma coisa engraçada com certeza tem, mas para mim a coisa mais engraçada era em Santeramo quando tinham
italianas, Soninha de brasileira e duas ucranianas, enquanto as italianas óbvio me pediam a bola em italiano, ao mesmo tempo a ucraniana não conseguia ainda falar italiano então me pedia a bola em russo, a Soninha em português, e todo mundo ao mesmo tempo, tinha hora que levantava na ponta porque já não sabia que bola e que língua era e quem tinha me chamado. No início foi um pouco confuso e engraçado, mas pelo menos aprendi umas palavras em russo. E com certeza me diverti demais.

Logo em sua primeira temporada, você encantou os italianos com o seu jogo e na temporada 2008/2009 assinou com o Busto Arsizio, um clube com um projeto maior que o Santeramo. Como foi para você ter esse reconhecimento? E como são os fãs italianos?

Foi muito boa a sensação de ver que todo meu esforço tinha tido um reconhecimento, saber que tinha propostas de times bons e não só da Itália, graças a Deus minha escolha de vir para cá valeu a pena...Tenho fãs muito queridos no Brasil com certeza, mas aqui na Itália sem dúvidas são em maior quantidade, e muitos deles são vidrados no vôlei de uma tal forma que vão em todos treinos assistir, não faltam nenhum, te dão presente de aniversário, natal, porque vencemos uma partida importante e outros motivos, eles vivem o vôlei quase 24 horas por dia, fazem reuniões no início da temporada, natal e no encerramento onde nós atletas também vamos, é impressionante!!!

Nessa mesma temporada, em 2008/2009, o Busto conseguiu chegar às semifinais do Campeonato Italiano, surpreendendo a muita gente, mas provando o quanto o clube é capaz. Quais são então suas expectativas para esta temporada 2009/2010?

Mesmo sabendo que esse ano será mais difícil que ano passado, visto que o campeonato esse ano está muito mais homogêneo, o nosso objetivo é tentar chegar de novo na semi. Somos um time que está crescendo a cada jogo e cada vez mais acreditando que podemos chegar mais longe, e como vimos na temporada passada, nada é impossível, certo.

Você tem alguma superstição? Algum ritual antes dos jogos?

Não. Sinceramente hoje não tenho nenhuma.

Qual foi a vitória mais marcante na sua carreira? E a derrota mais sofrida?

A vitória mais marcante hoje para mim foi a desse ano na temporada passada contra Jesi, o último jogo das quartas de finais que vencemos no tie-break conquistando assim um lugar na semi...foi um jogo emocionante que sem dúvidas não me esquecerei mais. A mais sofrida foi o último jogo meu ainda no Brasil, final contra o Rexona, última partida, tie break vencendo de 8 a 4, perder de 15 a 11 e assim perder o campeonato e também a última chance que tive de ser campeã na Liga brasileira...inesquecível infelizmente.

Alguma razão especial para usar o número 3 na blusa?

SIIIIM!!! Meu querido papi jogava beach soccer com esse número e bom não preciso explicar mais nada né...

RAPIDINHAS:

Meu apelido favorito - Campi, não esta errado não é CAMPI mesmo, meu pai sempre me chamou assim, desde de pequenininha, hehehe

Meu lugar favorito no mundo - RIOOO de Janeiroooo, alguma dúvida...rs

Uma companheira de equipe - Denise Theodoro, amiga de sempre, amiga pra sempre!

No meu tempo livre gosto de - Bom, isso depende daonde estou né...Aqui na Itália, leio um livro, gosto de conhecer bons restaurantes, e fazer um pouco de compras, mas essa é última opção com certeza...Se estiver no Brasil, praiaaaa, reuniões em família, isso é o que mais gosto junto com passear com meus filhos de 4 patas, se puder fazer os dois juntos aí não quero mais nada mesmo.

O que mais sinto falta do Brasil - Certeza é o calor, sofro demais com o frio, viro a pessoa mais preguiçosa do mundo!!!

Algo que me deixa irritada - Hum, algumas coisas, pessoas falsas, arrogância, e falta de
educação, iiih posso colocar também bom senso, acho extremamente necessário! rs

Algo que me deixa feliz - Passear com meus cachorros, olhar para aquelas caras peludas para mim é tudo, não tem nada no mundo que se compare ao amor dos animais!!!!

Você pode deixar uma mensagem a seus fãs brasileiros que acompanham o blog:

Gostaria de agradecer a todas pessoas que curtem meu vôlei por me acompanhar sempre e ainda que esteja há 3 anos longe do Brasil não se esquecem de mim, e me dão sempre muita força com lindas mensagens deixadas principalmente no orkut, sempre leio todas e respondo porque para mim todos vocês são muito importantes! Espero um dia poder voltar para o Brasil e encerrar minha carreira perto das pessoas que mais amo, e dos meus queridos fãs que sempre torceram por mim...até breve!!!

Muito obrigada Fernandinha! Para nós foi um prazer tê-la como nossa primeira entrevistada. Obrigada por toda sua atenção sempre. Muito sucesso em 2010!