sábado, 6 de março de 2010

Maja Poljak entrevistada por site turco

No início da semana, dia primeiro de março, às vésperas do jogo contra o Novara pela Champions League, a meio de rede croata Maja Poljak do VakifGunes Istanbul cedeu uma entrevistada para site turco www.volybolunsesi.com. Na agradável conversa, a atleta falou um pouco sobre sua carreira, sobre a atual situação da federação croata de voleibol, da sua experiência no vôlei italiano e claro sobre o jogo que estava por vir. A baixo toda entervista traduzida.

ENTREVISTA -

- Com que idade e como você começou no voleibol?
Comecei a jogar vôlei quando tinha 12 anos em Zagreb. Sempre estive cercada pelos esportes porque meu pai é um ex jogador de basquete e atual treinador. Naquele ano, o Final Four da Champions League foi organizado em Zagreb. Assisti a grandes partidas e me apaixonei pelo voleibol. Comecei a praticar logo em seguida.

- A seleção croata alcançou resultados incríveis no final dos anos 90. Vimos serem por três vezes consecutivas medalha de prata no Campeonato Europeu entre os anos de 1995 a 1999. Vocês participaram das Olimpíadas de Sidney e ficaram em sexto lugar no Campeonato Mundial. Quais você acredita serem as razões para esses importantes sucessos?

Sim, aqueles anos foram definitivamente ótimos. Nossa seleção assim como nossos clubes tinham grande sucesso. A Liga Croata era muito mais forte naquele tempo. Mas o mais importante é que tinhamos Barbara (Jelic-Ruzic) no nosso time. Ela era a rainha do voleibol naquela época. Acho que essa foi a maior razão para termos tanto sucesso.


"Foi uma grande experiência fazer parte daquela geração."



- Quando você tinha 16 anos, fez parte do time que conquistou a medalha de prata no Campeonato Europeu de 1999. Em que contribuiu para você fazer parte daquela geração?
Bem, como você falou, eu tinha apenas 16 anos. Era apenas uma jovem menina começando a jogar no voleibol de alto nível então eu não joguei muito. Mas foi com certeza uma grande experiência fazer parte de uma geração tão vitoriosa. Eu fiquei muito feliz e entusiasmada e todos aqueles sentimentos que vem junto com grandes vitórias.


- Nos últimos anos, a Croácia tem estado longe dos antigos dias de glória. De certo seu time consiste de jogadoras com incrível talento individual. Qual você acredita ser a razão para resultados tão medianos?
O potencial ainda é ótimo na nossa seleção mas nossas jovens jogadoras não puderam encontrar a oportunidade de trabalhar duro. Atualmente as coisas não estão bem para a Federação Croata. A Federação faliu e agora tem muitas dívidas. A situação não era ideal para nós termos uma boa estadia e treinarmos direito.


- Considerando que você irá jogar pela seleção por muitos anos por vir, o que você acha ser necessário para tão esperada realizações?

Como eu disse, precisamos de melhores locais e melhores treinamentos. Nós não temos essa chance devido a atual situação da Federação. Logo antes do recente Campeonato Europeu, nós deviamos ter feitos jogos amistosos, mas não pudemos. E quando você não consegue fazer isso antes de um torneio grande, você tem que levantar a badeira branca. De fato, quando você considera tudo objetivamente, nós merecíamos pelo menos chegar a segunda fase do Campeonato Europeu mas esse não foi o caso infelizmente. (A Croácia estava no grupo A, com Polônia, Holanda e Espanha. Acabou perdendo a chance de se classificar para a segunda fase ao perder para a Espanha no terceiro dia de competição por 3x2, e acabou ficando na última colocação do Europeu).

"Desde que era pequena, eu encarei tudo seriamente."



- Você foi jogar no Vicenza, Itália - em uma das ligas mais fortes da Europa logo após o ano que participou do Campeonato Europeu. Lá jogou ao lado certamente de um incrível elenco e venceu a CEV e a Copa Itália ainda tão nova. Quais os fatores que permitiram essas conquistas tão cedo na sua carreira?
Eu posso dizer que sou muito feliz por estar constantemente vencendo mas isso não é somente sobre mim. Sempre existe um espírito de equipe por trás de todo esse sucesso. O grupo era incrível em Vicenza. Todas eram prestativas e carinhosas. As meninas realmente me ajudaram muito a jogar naquele voleibol de alto nível. Elas jogavam em um sistema que eu não estava muito acostumada. Desde que era pequena, eu encarei tudo seriamente. Mas eu recebi ajuda de muita gente. Minha mãe em especial me ajudou muito. No meu primeiro ano na Itália, eu ainda estava na nona série. Tinha que fazer minhas provas ao mesmo tempo. Eu tinha que viajar a Zagreb de manhã, fazer minhas provas e voltar a noite para treinar. Foi muito difícil. Recebi um tremendo apoio da minha família. Ainda sou muito grata a tudo que eles fizeram por mim.


- Seu pai é um ex jogador de basquete e agora treinador então o fato dele saber o que se é exigido para se tornar vitorioso deve ter ajudado.

Sim, com certeza. E ainda, minha mãe sempre também me apoiou muito. Ela fazia toda a comida e preparava as coisas quando necessário. Ela esteve ali ao meu lado em todos os momentos. Ela realmente fez tudo para que eu conquistasse o sucesso no voleibol. Meu pai era mais especializado em dar-me alguns conselhos esportivos em geral porque ele entendia o voleibol. Assim ele entendia a filosofia do esporte também.


"A maior razão para o sucesso do Bergamo é que um certo grupo sempre permanece com a equipe."



- Você se transferiu para Bergamo após jogar três anos em Vicenza e uma história de sucesso sem precedentes começou ali por um período de 5 anos incluindo 2 títulos da Champions League e diversos troféus na Itália. A coordenação interna do Bergamo sempre foi muito elogiada por todos. Você pode nos dizer como você veio a descobrir essa colaboração e coordenação dentro da equipe?

Em Bergamo, sempre havia mudanças mas preferencialmente pequenas mudanças porque eles sempre tentavam manter a base do grupo. Acho que isso era o mais importante. Você sempre deve ser paciente e esperar que o grupo que você estabeleceu alcance seu sucesso. Normalmente quando os clubes investem grandes somatórios de dinheiro e esperam conquistas imediatas, muito frequentemente não acontece como o desejado porque precisa-se de tempo para acertar as coisas. Desde o fisioterapeuta que conhece bem as jogadoras ao treinador que pode transmitir aquele sentimento para as jogadoras e entender elas, tantas coisas devem estar conectadas na direção certa. Essa foi a razão porque o Bergamo se felicitou com constante sucesso. Havia um certo grupo de jogadoras que continuava com a equipe por muito tempo enquanto existia uma pequena parcela de mudanças de jogadoras de tempos em tempos. E mesmo essas 2-3 novas jogadoras integravam a equipe da melhor forma possível. Eu acho que o manager do clube fez ótimas escolhas quanto ao tipo de jogadoras a adicionar ao espírito do time já existente.


- Especialmente na Itália você teve a chance de jogar junto ou contra jogadoras talentosíssimas. Sua motivação e fidelidade perante seu trabalho deve também ter crescido proporcional ao alto nível de voleibol na Itália.

Com certeza! Ter tantas jogadoras boas ao seu redor é sempre uma grande fonte de motivação. Todo dia era uma grande luta e também todo dia você tinha que provar e confirmar que você era a melhor. Não existia literalmente nenhuma dificuldade para achar motivação. Principalmente nos meus primeiros anos na Itália, tantas boas jogadoras estavam jogando na Liga. Foi absolutamente uma benção para mim.



- Como você decidiu vir para o Turk Telekom sendo tão vitoriosa em Bergamo? Sua companheira de time Angelina Grun também se transferiu para a Turquia naquela temporada.
Eu acho que eu tinha chegado em um momento onde buscava uma nova motivação. Eu já estava jogando por cinco anos no mesmo clube. As coisas começaram a ir na mesma direção. Eu realmente precisava de uma mudança para que pudesse me motivar novamente. Claro que, se eu ficasse, eu teria encontrado motivação. Mas senti que uma nova mudança depois de cinco anos iria me trazer resultados positivos. Também, honestamente, a movimentação econômica na Turquia naquele momento era altamente positiva. Todas as jogadoras estavam vindo para a Turquia e foi normal para mim então pude rapidamente me adaptar.


"Turk Telekom investiu um enorme somatório de dinheiro e esperava grandes conquistas imediatamente."



- Continuando com sua experiência no Turk Telekom...Vocês fizeram a estréia de temporada com transferências sensacionais. Foram indicados como o maior candidato ao Campeonato Turco e eram um dos favoritos na Champions League. No entanto os resultados no final da temporada criaram disapontamentos. O que exatamente deu errado?
Esse foi um dos casos que eu te falei sobre clubes tendo uma grande quantidade de dinheiro envolvido e que esperam resultados astronômicos em um pequeno período de tempo. Bons resultados nunca chegam de uma hora para outra. Bons resultados são fruto de um trabalho duro contínuo. Além disso, eu acho que o time devia ter sido mais balanciado. Também tivemos que lidar com infelizes lesões. Bahar (Mert), nossa levantadora titular, estava machucada. Nilay (Benli) estava até jogando bem mas não era a jogadora que todos esperavam. Tivemos que trocar de treinador. Apesar da chegada de uma grande treinadora como a Lang Ping para o lugar, era uma decisão que deveria ter sido tomada desde o princípio. Cometemos alguns erros no início e foi difícil concertar adiante. O que nós conquistamos no final, eu acho, não foi uma decepção mas um resultado objetivo para o clube.



- Quando o time do Turk Telekom fechou no final da temporada, eles foram nomeados patrocinadores do Vakifbank Gunes Sigorna e você começou a jogar aqui. Você pode nos falar um pouco sobre o processo de tranferência?
Uma das razões que eu vim para cá foi o Giovanni (Guidetti). Eu trabalhei com ele no Vicenza por um ano e meio. O Vakifbank já havia me contactado no ano anterior e eu tinha dúvidas quanto a me tranferir para cá ou para o Turk Telekom. Eu sabia que o Vakifbank era um clube sério. Nalan (Ural) foi extremamente profissional desde o começo. Eu queria realmente trabalhar com o Giovanni. Angelina (Grun) estava jogando aqui e ela é sempre uma ótima companheira e amiga. Sem nem pensar em meio segundo, eu posso assinar com qualquer time que ela esteja jogando. Então eu já tinha muitas razões para vir para este clube desde aquela época. Porém o Turk Telekom me fez uma proposta que realmente não tinha como resistir. Depois que o Telekom acabou no final da temporada, eu já estava preparada para aceitar jogar no Vakifbank porque seria o primeiro clube que eu iria.


"Podemos vencer ambas a Liga e a Copa Turca."



- Uma boa equipe com um elenco abrangendo uma grande gama de jogadoras foi estabelecido nesta temporada. Apesar de terem começado perdendo alguns jogos, vocês vem agora em um longo caminho. Exitem grandes espectativas do time. O quanto você acha, como time, que melhoraram sua performance na temporada?
Os inícios são sempre difíceis. Todas estavam retornando de suas seleções. O treinador também não estava aqui. Assim, era normal que precisássemos de um período de tempo para todo mundo se acostumar com cada um. Guldeniz veio junto comigo assim como outras novas jogadoras. Como nós reagiríamos adiante era o mais importante, que foi o que realmente aconteceu. Começamos a jogar melhor e melhor. Porém o que importa agora é como iremos jogar no período que está a nossa frente. Espero que possamos jogar nosso melhor e que possamos vencer todos os títulos que esperamos de nós mesmas ganhar.


- Na última temporada da Liga Turca, o Vakifbank Gunes Sigorna perdeu antes do esperado nos playoffs. Talvez por isso as espectativas sejam um pouco maior. Você pode nos falar também um pouco sobre as suas chances de vencer a Copa e a Liga Turca?
Acho que temos boas chances de vencermos ambas. O clube e o treinador estão nos proporcionando tudo que precisamos. Claro, sucessos não vem da noite pro dia. Nada é fácil. Mas se continuarmos a abordar as coisas da maneira como viemos fazendo até agora, tenho certeza que resultados positivos virão.


- Fenerbahce Acibadem montou um elenco excepcional esta temporada, que também vem gerando eco na Europa. Eles ainda estão por perder uma partida esta temporada. Você acha que vocês podem ser a primeira equipe a batê-los na Europa e a frente conquistar os títulos?

Todo time tem seus altos e baixos. Algo pode acontecer em um instante e nada passar a proseguir da forma como era antes. Coisas assim podem acontecer facilmente no voleibol. Acho que eles carregam uma enorme pressão porque todos falam sobre eles muito mais do que sobre nós. Sem dúvida, temos muito respeito por eles. No entanto, isso sendo dito, tudo está em aberto. Nós iremos entrar em quadra com nossas cabeças levantadas e vamos jogar nosso melhor. Então veremos como as coisas acontecem.

"Nós com certeza temos chances de vencer o título da Champions League."



- Vocês têm sido bastante surpreendentes até agora nesta temporada na Champions League. Em especial, a vitória sobre o Scavolini Pesaro na fase de grupo foi muito inspiradora para os próximos estágios. Vocês têm uma árdua partida por vir contra o Asystel Novara. Apesar deles terem um elenco excelente, vem se apresentando abaixo do esperado até agora particulamente na Liga Italiana. O que você acha desse jogo iminente?
O Pesaro por ora sustenda a primeira colocação na Itália e o fato que vencemos eles fala muito sobre o alto nível do voleibol na Turquia. Eu tenho que dizer que tenho muito orgulho de fazer parte da Liga Turca. Em segundo, o Novara é um grande time com grandes talentos individuais. No entanto, eles não têm funcionado bem como uma equipe. Mas, por outro lado, muita coisa aconteceu com eles. Kim Staelens não pode jogar; está grávida. Eles também mudaram de técnico. Todas essas coisas podem motivar e balançar um time como um choque de terapia para alcançar melhores resultados. Vamos ver como eles irão reagir. Eu acredito que neste momento temos condições de vencer qualquer equipe na Itália apesar do voleibol depender muito da performance do dia e se seu jogo está no auge naquele momento. Eu espero que possamos jogar bem e nos qualificar para o Final Four.


- Vocês se classificarão para o Final Four se triunfarem nesta batalha. Se conseguirem ir para Cannes, você acha que têm chances de vencer o título lá?

Eu acredito que podemos com certeza.



- Vocês vêm competindo em três copas diferentes até agora. Tem um calendário bastante intenso. Você acha que podem seguir com o mesmo nível até o final da temporada?
Os times as vezes alcaçam seu pico precocemente e suas performances podem cair inesperadamente.
São coisas normal no esporte. Agora estamos focadas em nossas próximas partidas contra o Novara e Fenerbahce. O resto é trabalho da nossa comissão técnica e treinador. Mas tenho certeza que o Giovanni e seus colaboradores irão fazer o melhor.

- Muitos dizem que o nível do Campeonato Turco caiu esse ano comparado ao ano passado. Quais são seus pensamentos sobre isso?

Eu não concordo absolutamente. Fenerbahce tem tantas boas jogadoras esta temporada. Eczacibasi tem uma das melhores levantadoras da Europa. Vakifbank também tem ótimas jogadoras (risos).


- Por último gostaríamos de saber sua opinião sobre o time juvenil. Vakifbank Gunes Sigorna é também um time que investe muito em meninas e isso também colabora com muitas jogadoras para as seleções infanto e juvenil que conquistaram uma série de incríveis resultados pelo mundo. Você já teve a chance de vê-las jogando ou treinando ou passou algum tempo com elas?

Infelizmente eu não assisti a jogos ou treinamentos mas algumas vezes viajamos juntas. Nessas viagens pude perceber que elas realmente amam o voleibol e apresentam uma grande paixão. Parece que elas têm conquistado resultados incríveis consistentemente e tenho certeza que se sairão bem no futuro também.


fonte: http://www.voleybolunsesi.com/content.php?cid=12&id=5642&topic=3

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