Vídeo: Skowronska é entrevistada na Turquia

A oposta Katarzyna Skowronska participou de uma entrevista exclusiva para a Eurosport da Turquia uma semana após o título do Mundial de Clubes no Catar. Na entrevista, Skowronska contou um pouco sobre sua decisão de ir jogar na Turquia, de sua visão sobre o país, e sobre seu desejo de não retornar a seleção. A reportagem é bem legal, vale a pena conferir.



Kasia Skowronska, bem-vinda ao nosso studio do eurosport.com Turquia. Então, você teve a maior conquista possível na semana passada, você se tornou, você e o Fenerbahçe Acibadem se tornaram os campeões mundiais no Catar. Você está no topo do mundo agora, como se sente?

KS: Na verdade me sinto muito bem. Porque antes dessa temporada, ninguém sabia, ninguém esperava que nós fôssemos para o Catar, porque ganhamos o Wild Card. Então estamos duplamente felizes, porque usamos nossa oportunidade para vencer algo. E estamos felizes que com o Wild Card nos tornamos campeãs. É um sentimento maravilhoso que nós podemos ser o melhor clube no mundo. Então estamos muito satisfeitas.

Sobre sucesso, você e a Turquia sempre andam juntos. Sua maior conquista, sua primeira conquista aconteceu aqui na Turquia. Na verdade, eu tenho uma foto, sobre esses dias. Você lembra desse dia?

KS: (Risos) Sim, eu lembro (risos). Eu lembro muito bem, foi 2003, eu acho. Foi meu primeiro título europeu com minha seleção. Eu era tão nova nessa época (sorriso).

Esse foi o início para muitas coisas não é? Para o voleibol polonês e para você também.

KS: Sim, eu acho que essa foi minha segunda temporada na seleção adulta, e nós vencemos tudo meio que acidentalmente, nós simplesmente vencemos o Europeu, e foi tão maravilhoso, a gente não esperava, a gente estava trabalhando muito. E eu lembro desse dia como uma dos dias maravilhosos da minha vida, porque foi a primeira vez, e o gosto é o melhor.

Você está com Maggie Glinka nessa foto. E vocês têm quase que o mesmo histórico. Vocês jogaram nos mesmos clubes, tiveram os mesmos técnicos, ambas foram para a Itália, em tempos diferentes, mas mais ou menos o mesmo, e agora estão as duas na Turquia, mas em times diferentes. Qual é a sua relação com a Maggie, e como é ser adversária de Maggie Glinka para você?

KS: Sabe, na verdade comigo e com a Maggie a diferença é de 5, eu acho, é de 5 anos, e ela fez tudo antes, ela jogou na Itália antes, e agora tudo aconteceu e estamos as duas na Turquia no mesmo momento. Jogamos muitos anos juntas em nossa seleção e foi sempre uma experiência maravilhosa. E agora, vamos jogar a Liga, jogamos a Supercopa, vamos jogar a Copa Turca, tudo, jogamos contra. É estranho, mas é a nossa vida, existem muitas colegas que tive que enfrentar em cada jogo, então somos amigas fora das quadras, mas dentro da quadra somos só jogadoras, então temos que jogar, não é nenhum problema para mim e também acredito que não seja para ela.

Em 2003 e 2005 você venceu dois Campeonatos Europeus. Você sente falta dessa época?

KS: Eu acho que eles serão sempre maravilhosos de serem lembrados para mim. É algo enorme na minha carreira, um dos melhores dias, porque é algo muito importante vencer o campeonato europeu com a sua seleção. Não é fácil fazer melhor que isso, vencer duas vezes consecutivas o campeonato. Então eu acho que a segunda vez foi mais difícil para nós, mas acho que será uma boa história para contar aos meus filhos no futuro.

Você jogou pelo Pila na Polônia e depois você foi para a Itália, onde jogou em três clubes, o Vicenza, o Novara e o Pesaro. Como você decidiu sair da Polônia e ir para a Itália? E como foram seus dias na Itália?

KS: Desde de quando eu tinha 18 anos eu tive propostas da Itália, mas eu sempre recusava, porque eu pensava: não estou pronta, eu sou muito nova, estou sozinha, não estou pronta, gostaria de ter mais experiência. Então um dia eu fui para o Vicenza, quando conheci meu marido de agora, na época era meu namorado, ele me incentivou, ele disse: vamos juntos, vai ser mais fácil para você. E então simplesmente decidimos. Ficamos lá 5 anos e tivemos uma experiência maravilhosa na Itália. E eu acho que sempre iremos retornar lá, e seremos felizes, porque é um país maravilhoso.

Eu tenho uma outra foto para você, dos dias da Itália. Na verdade tenho várias fotos da época na Itália. Essa é uma das últimas eu acredito. (KS - "Ai Jesus" - risos) Você jogou com ótimas jogadoras na Itália. Essa é com Carolina Costagrande em Pesaro. Você venceu dois campeonatos italianos no Pesaro, mas não conseguiu vencer a Champions League. É isso que falta para você? Vencer a Champions League? É aquilo realmente que você mais sente falta ou você preferiria uma medalha Olímpica, ou uma medalha num Mundial?

KS: Uhm, para ser honesta foi um tempo muito bom em Pesaro, vencemos duas vezes. E é muito difícil vencer o campeonato italiano, porque é muito longo, é uma temporada muito difícil, muitos times fortes, você precisa melhorar tudo para ser o melhor. Isso é verdade, eu nunca venci a Champions League, é o motivo pelo qual eu vim para o Fenerbahçe, porque aqui, eu não sei, é como o dream team construído aqui. E eu não podia recusar a proposta, por causa das jogadoras, do treinador que estavam aqui. Eu acho que temos grandes chances de vencer a Champions aqui. É por isso que decidi vir. E não sei, acho que com a minha seleção, não é que eu não acredite, mas para, uhm, às vezes você precisa pensar no que é possível e no que não é. Eu acho que não é possível, nesse momento, para mim, vencer o ouro em uma Olimpíada ou uma medalha no Mundial. Então sabe, eu estou tentando fazer meus sonhos realidade no clube. Então esse ano farei meu melhor para vencer a Champions League, que é o que realmente falta na minha carreira.

Esse ano foi o ano do Mundial, mas você não estava com a seleção polonesa. E você teve um desentendimento, vamos colocar assim, com Jerzy Matlak. Você se arrepende de sua decisão, de não fazer parte da seleção polonesa? Você acha que a Polônia podia ter feito melhor se você estivesse lá?

KS: É uma pergunta difícil para mim. Sabe, é muito complicado, porque não foi algo fácil como qualquer um pode achar, que foi porque ele não me levou, não sou a jogadora que está com raiva e decepcionada porque o treinador não me levou, foi algo realmente complicado. Por muitos anos eu estive jogando pela minha seleção, e eu sempre fiz o meu melhor e dei todo o meu coração por esse time. Mas, às vezes, é como dizer, a perda do respeito é tão grande para todo mundo, e eu não estava me sentindo tão bem na temporada, então eu decidi e terminou como terminou, decidimos não trabalhar mais. E disse depois desse Mundial que se ele continuasse como técnico, eu gostaria de não estar na seleção. E não estou triste por essa decisão, porque acontece no esporte, você não precisa estar amando o outro, sabe, porque não é um relacionamento, mas é como você se sente, nem todo atleta é funciona com o outro, a colaboração, o trabalho, então eu não funciono bem com o senhor Matlak, e entende, tudo bem assim. Talvez no futuro eu possa voltar, vamos ver. Mas no momento esse assunto está encerrado. Estou realizando a minha vida na minha carreira com meu clube.

Você teve algum contato com o senhor Matlak após o campeonato mundial?

KS: Não.

Você planeja entrar em contato com ele?

KS: Na verdade eu estou bem assim, eu não preciso entrar em contato com ele. Não temos que falar sobre isso, então está tudo bem.

Pelo que pude entender então você também planeja, ou pelo menos não descarta, retornar a seleção? Talvez com um outro treinador.

KS: Sim, mas como eu sei que a situação que meu treinador, de que nada vai mudar, que na próxima temporada será igual a esta, meu treinador, Matlak vai ficar, e eu não vou. Então serão minhas primeiras férias reais em não sei quantos anos (risos). Estou olhando pelo lado positivo disso tudo. Então não estou chateada, não estou triste sobre isso, é assim, o que posso fazer.

Na verdade, mesmo você não tendo jogado o Mundial, 2010 foi um bom ano para você. Você teve o título italiano com o Pesaro, veio para o Fenerbahçe e venceu o Mundial de clubes. Você foi uma das maiores transferências desse ano, vindo do Scavolini Pesaro para o Fenerbahçe Acibadem. Como essa transferência aconteceu? Quem influenciou mais nessa decisão? Você trabalhou com o Zé Roberto, com Nati Osmokrovic, com Christiane Fürst, eles influenciaram você? Ou foi outra coisa, outra pessoa?

KS: Eu não planejava trocar de clube. Logo após o final da temporada eu pensava: estou bem onde estou. Mas minhas companheiras de clube estavam saindo do Pesaro, Carolina (Costagrande) saiu do clube, o treinador, tudo estava mudando, e eu ainda tenho meu sonho de vencer a Champions League. Então no início quando recebi a proposta do Fenerbahçe eu pensei: ok, mas estou bem, não quero mudar de clube agora. Mas depois, vendo o que estava mudando, e meu time perdendo algumas jogadoras e aqui estavam vindo tantas jogadoras, ok preciso aproveitar minha chance, porque nesse momento eu preciso pensar em mim e o que podemos fazer. Eu deixei um pedaço de mim em Pesaro, porque vencemos tantas coisas bonitas juntas, e eu fui muito feliz lá. Mas o Fenerbahçe me ofereceu uma proposta melhor, para vencer mais coisas, que é o que está valendo para mim. Por duas vezes eu fui campeã na Itália, e eu poderia talvez ser campeã novamente, mas é aquilo, mais você tem, mais você quer ter. Então se alguém me dessa a medalha de ouro na Itália eu ficaria feliz, mas é um gosto diferente, porque eu realmente gostaria de ganhar, meu sonho é ter a medalha de ouro da Champions League. Então eu avaliei minha situação e eu não poderia dizer não para o Fenerbahçe, porque é o melhor clube e a melhor oportunidade para fazer meu sonho se tornar real.

O Fenerbahçe Acibadem é um dos grande no voleibol hoje em dia, no mundo, na verdade. Então, o que você esperava encontrar no Fenerbahçe antes de vir para cá? E o que encontrou? Como você vê o clube, e sua relação com o voleibol?

KS: Na verdade, sou muita agradecida por poder estar neste clube. Tenho orgulho de ser parte disso. Porque desde que cheguei aqui eu posso ver as coisas como elas são, e estou muito feliz por como o clube está trabalhando, a organização, tudo é perfeito. E as pessoas estão amando muito esse clube, elas vão aos jogos, sempre tem tantos fãs. A Turquia é louca pelo Fenerbahçe. Então tudo que precisamos para fazer um bom voleibol tem aqui. Então estou feliz.

Como você disse, o Fenerbahçe tem mais fãs do que qualquer outro clube que você já jogou. Os fãs turcos também conhecem você, conhecem você de 2003. Na verdade, você quebrou muitos corações na Turquia, porque estávamos tão perto de ganhar o Europeu em Ankara. Mas as pessoas de uma forma geral gostam de você e sempre queriam que você jogasse aqui. Houve muito entusiasmo quando souberam que você vinha jogar aqui na Turquia. Como você sente sobre os fãs e o povo turco de uma forma geral?

KS: Eu acho que os fãs são algo muito próximo a mim. Porque na Polônia também temos uma grande audiência quanto aos fãs no voleibol, é um esporte muito popular. As pessoas gostam de assistir o voleibol. Eu acho que os fãs turcos são similares aos fãs poloneses, porque, sabe, a disciplina é a mesma, e as pessoas amam o esporte. E eu acho que é algo maravilhoso, você tenta fazer seu melhor, e as pessoas ficam felizes por você e com você. Isso é algo muito importante para qualquer atleta, para se sentir completo. Porque o esporte sem os fãs é algo diferente. Estou feliz, eu não sabia disso antes de vir para cá, que as pessoas estavam felizes que eu vim. eu também estou feliz, então acho que estamos todos felizes (risos).

Como você vê a Liga turca? O Fenerbahçe Acibadem parece muito confortável na Liga. Mas você que existe algum time que possa ser perigoso para vocês?

KS: Eu acho que na Turquia tem o Vakifbank, o Eczacibasi, e...não sei, o Besiktas, nós vencemos fácil contra eles, mas acho que Eczasibasi e....também o Galatasaray são os times que são os mais fortes na Turquia. É sempre algo importante jogar contra eles, e precisamos nos concentrar, precisamos sempre nos concentrar, para jogar todos os jogos. Mas os derbies, os clássicos, são os jogos mais importantes aqui para jogar, contra o Galatasaray, contra o Eczacibasi, contra todo clube que tem muitos fãs. Eu acho que para a gente todo jogo é importante, é difícil jogar cada jogo, porque temos tantos jogos, Champions League, as copas, tudo, então estamos tentando fazer nosso melhor para jogar.

Você e o Fenerbahçe Acibadem têm um ponto em comum. Em momentos diferentes, ambos perderam para o Foppapedretti Bergamo (risos), Champions League, claro, você bateu o Foppapedretti na liga italiana, mas perdeu para eles na Champions League. E também o Fenerbahçe perdeu a final. Mas esse ano, no grupo, vocês venceram o Foppapedretti Bergamo. Você acha que o Fenerbahçe é capaz de vencer a Champions League? E quem você acha que será o seu concorrente, o Foppapedretti ou o Dinamo Moscou,..?

KS: Não é fácil dizer, bem se eu não acreditasse que nós somos capazes de fazer, eu não viria aqui para jogar. Eu sei que às vezes pode parecer que eu tenho muita certeza sobre as coisas, mas eu estou aqui para vencer isso, e eu acho que nós sempre temos que colocar nossas metas no alto para fazer nosso jogo acontecer. Eu acredito nisso. A gente é capaz, ma, mesmo assim, temos que trabalhar duro, ter treinos excelentes, e claro precisa jogar bons jogos. Eu não sei, a Champions League é difícil de se jogar, é algo específico, você joga no meio das suas ligas, tem que viajar, não é uma temporada fácil para nenhum atleta, estar sempre nela. Para mim é o quarto ano consecutiva que jogo a Champions League, e estou começando a ficar cansada disso, de estar sempre tão perto, e sempre algo acontecer. Mas eu tenho minha experiência de antes, e vou fazer meu melhor e usar isso nessa temporada. O Bergamo foi um azar para nós e também para o Fenerbahçe, mas eu não acho que vencer deles no grupo é suficiente, acho que às vezes você pode perder ou vencer de alguém, mas depois vocês se encontram de novo e você precisa melhorar. Eu não sei, têm muitas boas equipe na Champions League e eu acho que o Dinamo Moscou é realmente um excelente time para essa temporada. Tudo pode acontecer, primeiro de tudo temos que nos qualificar para o Final Four. E depois disso temos que pensar nas nossas chances.

Ok, por último, mas não menos importante, na verdade é uma das minhas favoritas. Eu tenho uma foto fofa, sobre você (KS: risos "deixa eu ver"), aqui, essa qui. (Ks: "Deixa essa escondida por favor, faz assim) (risos). Você lembra dessa foto certo? (Ks: Sim eu lembro). Toda vez você é, quase sempre a favorita dos fãs, em Novara, no Pesaro, e agora em Istanbul. Como você se sente? Como você se vê no voleibol? Você é uma princesa ou uma rainha como nessa foto?

Ks: Não! Foi que em um site na internet deles, os fãs fazem uma votação, e eles votaram, eles votam até hoje, todo ano eles votam na jogadora mais bonita de sua preferência. E eles me escolheram, por duas vezes eu fui votada. E foi como, eu sou tímida sobre essas coisas, eles colocaram algo em minha cabeça como uma miss, e eu gostaria de ir para debaixo do taraflex e me esconder. Não é o meu estilo. Melhor parar de falar sobre isso, porque é engraçado. Eu não sei, eu sou feliz, sou feliz no casamento, está tudo correto na minha vida, mas às vezes, sabe, me dá vontade de me esconder e simplesmente dizer: me deixem sozinha! Porque as pessoas falam sobre a nossa beleza, sobre tudo, mas eu sempre gostaria de saber que os fãs me respeitam porque eu sou boa jogadora de voleibol, não somente um rosto bonito. Só isso.

Como você se vê? Você é uma heroína? Você se vê como líder do time? Claro você é a líder de pontuação de todos os times que joga, mas como você se vê? Você é simplesmente uma jogadora do time ou você se vê com uma salvadora, ou uma heroína?

Ks: Eu não tenho essa sensação de que sou uma supermen, ou uma super-herói, como você falou. Eu amo esse jogo porque é um jogo de grupo, é o coletivo. Você tem responsabilidades que você pode usar. Por exemplo, se alguém cometer algum erro, eu sou uma atacante, então eu posso tentar corrigir, eu posso ajudar, porque se a defesa não for perfeita, se o levantamento não for perfeito, eu posso ajudar. Eu nunca me senti como a pessoa mais importante dentro de quadra, não é importante quem é a melhor, o melhor e o mais importante é o grupo vencedor. Então, se às vezes não sou a melhor jogadora em quadra, se não sou a melhor, estou feliz quando meu time está ganhando, isso é o mais importante. Porque às vezes você pode ser a maior pontuadora e jogar bem, mas se seu time está perdendo, não te traz satisfação. Voleibol não é tênis, não é um esporte individual onde você precisa ser um herói. Você só precisa fazer seu melhor, assim como todas as outras no time. É isso que te dá satisfação.

Você jogou pelo Novara por duas temporadas, jogou pelo Pesaro por duas temporadas, então significa que irá ficar no Fenerbahçe por duas temporadas? Ou planeja ficar por mais tempo dessa vez?

KS: Eu não sei, eu tenho meu contrato para essa temporada. Vamos ver o que irá acontecer após essa temporada. É uma pergunta difícil pois ambos os lados devem estar satisfeitos para continuar. Se você estiverem satisfeitos não há motivo para não ficar.

fonte: conta do youtube FnerbahçeAcibadem, inside-volley.com (burak-i naz)