O Mundial acabou, todas as posições definidas. Vamos fazer um breve balanço sobre o que achamos da campanha dos principais times.
Rússia – Campeã, não tem como dizer que o Mundial não foi muito bom para a seleção russa. O time não conquistava um bom resultado desde a conquista do Mundial em 2006 e agora pode comemorar não só o bi-campeonato, mas também o fato de ter jogado um grande voleibol. A equipe conseguiu reunir jogadoras muito experientes como Gamova e Sokolova à jovens como Startseva e Kosheleva. Não poderia ter dado mais certo. Aliada ao grande talento desse time tinha também uma motivação pra lá de especial: Natalia Safronova
Brasil – Apesar da frustração com a derrota, a seleção brasileira tem que sair satisfeita desse Mundial. Não conseguiu o título inédito, mas esteve perto dele. Repetiu o resultado de quatro anos, mas muito mais que isso, conseguiu jogar um ótimo voleibol, o melhor do campeonato ao lado da Rússia, mesmo sem contar com Mari e Paula. Teve ainda a confirmação de Natalia, que teve que encarar uma nova função. A jovem jogadora se saiu muito bem e fez um ótimo campeonato, sendo um destaque brasileiro ao lado de Sheilla.
Japão – Talvez nem a Rússia tenha saído desse Mundial feliz como o Japão. O país recebeu o campeonato pela segunda vez consecutiva, mas com um resultado muito melhor. Depois de 32 anos, o time que já dominou o voleibol volta a ganhar uma medalha. Um presente para a torcida que lotou todos os jogos do Japão. O ano foi muito bom para a equipe de Manabe. Há muito tempo as japonesas não se apresentava tão bem. Já tinha feito uma bela campanha no Grand Prix e foi ainda melhor agora no Mundial. Mesmo tendo uma chave que abria o caminho para a semi-final, não podemos esquecer que elas quase ganharam do Brasil e tiraram o bronze das americanas.
EUA – A equipe americana com certeza esperava ganhar uma medalha no Mundial. A medalha não veio e pode-se dizer que o time ficou aquém do que podia. Após vencer o Grand Prix onde jogou um voleibol de alto nível, revelando Hooker e Glass e contando com a volta de Sykora, Logan e Akinrandewo, tudo indicava que o Mundial teria um final feliz para as americanas. Mas o time foi caindo de rendimento ao longo do campeonato. Após perder a semi-final para a Rússia, o time não conseguiu bater as donas da casa. Só não saiu de mãos vazias porque Sykora foi a melhor líbero e Logan Tom a melhor recepção.
Itália – É claro que a Itália queria mais que um quinto lugar nesse Mundial. Mas se você analisar a posição friamente, vale lembrar que essa seria a melhor colocação possível para um time entre Brasil, Itália e EUA, já que os três estavam na mesma chave e apenas dois poderiam ir a semi-final. Já que foi o time italiano que ficou de fora da fase final o melhor que poderiam conseguir, elas conseguiram. O único porém é o caminho que levou a Itália até ali. A derrota para a República Tcheca ficará marcada, ainda mais do que a para o Brasil. Mas o time tem que ficar feliz com o seu poder de recuperação. Mesmo com poucas chances, o time fez bons jogos e algumas jogadoras que não vinham bem cresceram, principalmente Lo Bianco e Cardullo.
Turquia – A Turquia melhorou bastante em relação ao Mundial de 2006, mas vai lamentar não ter conseguido uma regularidade durante o campeonato. O time conta com uma atacante fora de série, mas acabou ficando muito dependente dela. Darnel foi espetacular, mais uma vez maior pontuadora, mas não poderia sozinha levar o time mais longe do que o sexto lugar que conquistaram. O time turco mostrou ao mundo boas jogadoras e tem tudo para crescer ainda mais como equipe, já que seu campeonato está a cada ano mais forte.
Alemanha – A Alemanha segue sua caminhada para o desenvolvimento do time, que conta com muitas jogadoras jovens. A equipe fez um belo Mundial e poderia ter chegado até em uma melhor posição. Sua oposta foi o grande destaque. Kozuch foi a maior pontuadora em diversos jogos. Na reta final, Fürst conseguiu ser a melhor bloqueadora, como havia acontecido há quatro anos. O time de Guidetti está no caminho certo para tentar se classificar para as Olimpíadas, ainda que a disputa na Europa seja muito acirrada.
Sérvia – Para um time que foi medalhista na última edição, é claro que ficar em oitavo não deve ser muito comemorado. Mas se pensar nas jogadoras que o time perdeu de lá para cá e na quantidade de meninas que foram para o Japão, o resultado não é um desastre. O que frustrou mais o time foi ter jogado muito bem contra o Japão, mas ter perdido o jogo. E depois alguns jogos ruins contra adversários europeus. O time segue com problemas com seu treinador, enquanto não conseguirem resolver é difícil imaginar que a Sérvia volte a se destacar, mesmo tendo ótimas jogadoras em seu elenco.
Polônia – O time polonês optou por ir ao Japão sem sua maior estrela (ao menos sua jogadora mais famosa), Skowronska. Para compensar tinha a volta de Glinka. É difícil avaliar o quanto a oposta fez falta, mas com certeza a Polônia poderia ter ido melhor. Possivelmente esperava ir melhor. O time conta com atacantes absolutamente fantásticas e tem a experiência de jogar o Grand Prix todo ano. Mas por algum motivo, em jogos chave, a equipe não se saiu bem. Glinka e Werblinska foram os destaques do time.
China – A China figurou entre os melhores times na última década, mas agora está passando por um processo de renovação. E é normal que o time sofra um pouco. Não dá para dizer que o campeonato foi bom para o padrão chinês, ao ficar em décimo, mas há de se considerar outros fatores para avaliar a colocação. Diria que não chega a surpreender que tenham ficado fora da briga por melhores posições. Como consolo, a levantadora Wei, substituta de Feng, foi considerada a melhor na posição.
Holanda – Quem tem uma jogadora com a Flier, sempre espera ir longe nos torneios que participa. E ela de fato jogou muito bem. A expectativa holandesa é ainda maior porque o time se conhece muito bem, é uma verdadeira família. A Holanda fez bons jogos, por pouco não ganhou da Itália, mas ao longo do campeonato o físico foi pesando. A equipe sofreu com o desfalque da ponteira Stam, embora Grothues tenha a substituído a altura. O resultado certamente ficou abaixo do que o time queria e esperava. Pode complicar um pouco o sonho de ir as Olimpíadas. Outro ponto a se destacar é a personalidade da jovem levantadora Laura Dijkema, que até pouco tempo não era nem profissional e já teve que encarar um Mundial.
Cuba – O time cubano começou o campeonato com muitos questionamentos. Correu risco de ficar fora da segunda fase, mas acabou se classificando e foi crescendo na competição. Lideradas por Carcaces, que foi a maior pontuadora em várias rodadas, as cubanas deram trabalho para muitos times, fechando a segunda fase com uma vitória sobre a Itália. Terminar em 12º, em um Mundial equilibrado como esse, não chega a ser ruim, para um time que está tentando voltar ao cenário internacional e que apresentou uma bela novidade no Japão: em alguns momentos Cuba abandonou o esquema que usou por tanto tempo e jogou no 5 e 1. Para um time novo esse foi só o primeiro passo de uma longa caminhada.
Dos demais times, que foram eliminados antes da fase final, com certeza a grande surpresa foi a República Tcheca. As européias jogaram muito bem, enquanto o corpo aguentou. Havlikova e Havelkova fizeram um ótimo campeonato. Plchotova também, mas o time sentiu por não estar habituado a fazer tantos jogos em pouco tempo. A Coréia também foi muito bem. Contando com uma jogadora de exceção, a Kim, o time saiu da primeira fase com apenas uma derrota, mas depois acabou não indo adiante. Outros times que na classificação podem não estar tão bem, mas que saem satisfeitas desse Mundial são Tailândia e Croácia. Por outro lado, alguns saem frustrados, especialmente a República Dominicana, que vem crescendo com o trabalho do treinador Marcos Kwiek, mas que não se classificou nem para a segunda fase.
O Mundial foi equlibrado. Um pouco irregular, mas equilibrado. Tirando Brasil e Rússia, todos os times alternaram bons e maus momentos. Um dia faziam um jogo brilhante, no dia seguinte estavam irreconhecíveis. Muitos sets ganhos com placares dilatados. Mas foi também um Mundial de grandes jogadoras. Principalmente de opostas. Quase todas as seleções (ao menos entre as melhores) tinham em suas opostas jogadoras diferenciadas. É sempre difícil comparar um torneio com outro para dizer qual foi melhor. Bem, não importa se esse Mundial foi melhor ou pior que outros. O bom é poder passar quase 20 dias vendo vôlei de alto nível, mesmo que isso tenha custado muitas noites de sono. Foram perdidas com muito prazer.
Valeu muito a pena acordar cedo , esse mundial foi muito bom
ResponderExcluirpena o Brasil não ter ganho, era o país que vinha apresentando o melhor vôlei conjunto no mundial :(
mas daqui 4 anos tem mais...
Não vejo a hora de começar o Grand Prix com 16 seleções , copa do mundo , pan-americano ano que vem vai ser "o ano"