quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Existe uma pessoa por trás do uniforme!

Às vezes nós torcedores esquecemos, mas a vida de um jogador vai além das 4 linhas de uma quadra de voleibol. Mais do que vitórias, derrotas, concentrações e treinamentos, eles tem que lidar, todos os dias, também com os sentimentos mais simples da vida de qualquer ser humano: alegrias, tristezas, sonhos, medos. A isso se soma a necessidade de estar sempre 100% para um jogo importante, como o de um Mundial, mas é claro que nem sempre isso é possível. Nossos ídolos, nossos heróis, de quem cobramos a perfeição, também tem seus momentos de fraqueza. Apreenções, inseguranças, e situações diversas que, invariavelmente, influenciam ele enquanto atleta, mas que nós, torcedores, costumamos ignorar. Quando paramos para observar de perto, vemos as sutilezas, e todos os julgamentos que fizemos saltam aos nossos olhos como se julgassem a nós mesmos. A história que contaremos hoje é de um jornal holândes http://www.telegraaf.nl/, e muito nos tocou, e esperamos que toque a todos. Devemos sempre lembrar que jogar vôlei não é tudo na vida delas, muitas vezes é só o trabalho. E como todos nós, em alguns dias elas simplesmente não podem dar o melhor que tem, porque seus pensamentos, seu coração, estão divididos com outros problemas. Dores e dificuldades maiores do que quaisquer que se possa sentir dentro de um ginásio de voleibol.


"Jogadora de voleibol vivendo com a tristeza.

por Willem Held

HAMAMATSU - Essa história não é sobre Kim Staelens, a jovem mãe, que já joga vôlei novamente neste mundial. Essa história é sobre sua irmã Chaine Staelens, que também está na seleção holandesa, enquanto tem que lidar com o processo de luto. Seu namorado, Jonathon Walsh, o canadense com quem ela iria se casar e com quem ela esperava ter filhos, faleceu dia 27 de abril, de repente de parada cardíaca. Ela recebeu a terrível notícia no Japão, onde ela estava jogando pelo Denso. Agora ela está de volta ao Japão e fala de coração aberto.

"Não, Jonathon não tinha me pedido em casamento ainda" diz a jogadora de vôlei de 29 anos no dia de folga em Hamamatsu. "Mas ele já havia anunciado o pedido de casamento ao meu pai, porque uma vez lhe disse de brincadeira que ele iria precisar da permissão do meu pai." Chaine e Jonathon já tinham planos para seu futuro juntos. "Nós decidimos que eu iria jogar até maio de 2011. Depois disso iríamos viver no Canadá e criar uma família com filhos. Mas agora meu futuro está longe, e não sei por quanto tempo continuarei jogando voleibol." Na última temporada ela jogou pelo clube japonês do Denso. Jonathon, que trabalhava como agente de jogadores, morava na casa deles em Amsterdam. Ele a visitou no Japão duas vezes, então em Denso as pessoas o conheciam.

Em 27 de Abril, ela recebeu o terrível telefonema. Jonathon (32) faleceu enquanto visitava um amigo na Suíça. Jonathon era um esportista bem treinado, mas exames (pós-mortem) concluíram que ele já havia sofrido vários pequenos ataques cardíacos antes em sua vida.
"Eu deixei o Japão rapidamente e assim, mal tive a chance de dizer adeus para as pessoas", conta Chaine Staelens agora, seis meses depois. "Por causa disso estou feliz de estar aqui em Denso durante 10 dias agora, com a seleção. Foi bom estar de volta, tendo a oportunidade de expressar minha gratidão para com as pessoas do clube, por sua ajuda e apoio. Mas foi também difícil. Especialmente por ter ido até o mar, durante o dia livre. A tristeza está sempre comigo, sinto falta dele todos os dias. Apesar do jeito que eu faço se tornar um pouco menos difícil."

No dia 31 de Maio, um mês após ao falecimento de Jonathon, ela voltou a treinar com a seleção. "Eu precisava de distração. O time e a comissão foram incríveis para mim. Quando não conseguia me concentrar mais, tinha a permissão, privilégio para deixar o treinamento imediatamente. Fiz isso algumas vezes. Quando ocorria eu ia sentar no banco, deitar no chão por um instante. Este time (seleção) é incrível, eles são minha segunda casa. Me conhecem muito bem e tentam estar ao meu lado."

Existe algo muito extraordinário acontecendo agora durante este Mundial. A mãe das irmãs Staelens acompanha suas filhas no Japão, para cuidar da filha de Kim de apenas 6 semanas de vida. "Frequentemente visito elas para dar uma adeus", diz Chaine, "Lynn é uma menina tão linda. E só chora se estiver com fome". Ela está muito feliz com sua pequena sobrinha. "Minha família se tornou maior. É maravilhoso. Realmente, você pode ficar feliz por uma coisinha tão pequena, mas isso não significa que a outra (a tristeza) se foi."

No próximo sábado, Chaine irá celebrar 30 anos. "Nós iremos jogar uma partida com certeza, mas ainda não sabemos contra quem. E estou feliz que temos que jogar uma partida, por causa da distração que me dá."."

fonte: telegraaf.nl; tradução: Sander; foto: fivb.com

2 comentários:

  1. Muito comovente a historia da Chaine, a dor da perda é a pior que existe, perder alguém que amamos é devastador!!
    Força para Chaine e sim nossos idolos e herois são humanos e deveriamos aprender a respeitar isso!!

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  2. Realmente acho que nós torcedores do vôlei nos esquecemos que as jogadores também tem uma vida além das quadras. Família,amigos,sentimentos,tristezas
    precisamos entender e ver que além de uma craque dentro de quadra, as jogadores têm sentimentos e como todo humano elas um dia simplismente "erram"
    e quando isso acontece, nós cobramos e críticamos sem ao menos entender que quem está ali; sim é uma jogadora de vôlei mas humana e que tem uma vida com problemas, como nós...

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